O ramo da arquitetura é muito dinâmico. Novos estilos, tendências e inovações surgem a todo momento, e uma destas novidades é a neuroarquitetura.

Você conhece esse termo?

Ele se refere ao estudo da neurociência aplicada à arquitetura. Em outras palavras, a neuroarquitetura mostra como o ambiente impacta no cérebro das pessoas.

Essa nova corrente inovadora tem conquistado seu espaço em muitos projetos do Brasil e do mundo, principalmente em ambientes corporativos, que visam estimular a produtividade dos funcionários, melhorar o foco e a concentração. 

Mas não é só isso. A ideia dessa tendência dentro da arquitetura é criar ambientes mais humanizados, que levem em consideração o bem-estar físico e mental das pessoas.

Se você tem interesse nesse assunto, fique com a gente até o final do artigo e saiba muito mais sobre essa disciplina.

Afinal, o que é neuroarquitetura

Você já parou para pensar como seu cérebro funciona para encontrar o seu lugar de trabalho em uma grande sala? Isso acontece por meio de nossa percepção sensorial.

Ele faz uso de sistemas espaciais para armazenar e organizar o mundo em que vivemos. Alguns aspectos dos ambientes fazem o cérebro desenvolver certas emoções e sensações.

A neuroarquitetura se baseia neste funcionamento do cérebro humano, onde os projetos de arquitetura podem fornecer pistas valiosas sobre como criar e distribuir espaços que promovam maior bem-estar e tragam experiências saudáveis aos usuários.

Com base em estudos e exames (como o eletroencefalograma e a ressonância magnética), a neurociência observou que alguns itens da arquitetura, como cores e texturas, ativam certas regiões do cérebro.

Obviamente sabemos como o ambiente impacta na vida das pessoas, mas a neuroarquitetura vai mais a fundo para entender como o espaço muda os processos mentais e até mesmo a consciência.

Com todo esse estudo, é possível arquitetar edifícios e ambientes inteligentes que influenciam positivamente no comportamento das pessoas, proporcionando maior facilidade de concentração, motivação, relaxamento e assim por diante.

Qual é a origem da neuroarquitetura

O termo surgiu a partir de pesquisas de dois grandes profissionais – o neurocientista Fred Gage e o arquiteto John Paul Eberhard. Juntos, eles conseguiram atestar que os ambientes possuem o poder de transformar capacidades e sensações cognitivas do cérebro humano.

Hoje eu dia, já é possível encontrar livros e cursos sobre a neuroarquitetura e também foi criada uma academia de neurociência e arquitetura, para validar as constatações científicas da neuroarquitetura.

Por que a neuroarquitetura está se destacando no mercado?

O estudo da neuroarquitetura mostra que qualquer ambiente pode melhorar a qualidade de vida das pessoas, seja ele em casa, no trabalho ou na escola. Porém, quem mais tem buscado a aplicação da disciplina são as empresas, na tentativa de otimizar o foco, o desempenho e a criatividade dos funcionários.

Como as empresas usam os ambientes com a disciplina da neuroarquitetura

  • É possível trabalhar ambientes sensoriais, através de cores e texturas que estimulam os sentidos das pessoas;
  • Os ambientes informais ajudam na conexão das pessoas, e isso pode ser feito através da humanização dos espaços;
  • Os locais organizados, um dos pilares da neuroarquitetura, dão a sensação de tranquilidade e controle da ansiedade – as pessoas se sentem livres da bagunça.

Quais os principais benefícios da técnica?

Separamos aqui alguns tópicos onde a aplicação da neuroarquitetura pode trazer grandes benefícios para as pessoas que estão nos ambientes.

Projeto de Iluminação

Um local de trabalho com uma boa entrada de luz traz para as pessoas o sentimento de ânimo, melhorando assim o humor. A neuroarquitetura valoriza as áreas com iluminação natural, pois um ambiente assim traz vantagens positivas sobre o ciclo fisiológico e psicológico das pessoas.

Quando pensamos em iluminação artificial, as lâmpadas quentes trazem tranquilidade, e são ótimas quando usadas em salas de relaxamento por exemplo. Já as lâmpadas frias deixam as pessoas em estado de alerta, e são uma excelente opção para aumentar o foco e dar clareza para ideias.

Projeto de Acústica

Aqui a neuroarquitetura procura avaliar o ambiente e adaptar o projeto ao que se enquadra melhor para o bem-estar das pessoas. Segundo a ciência, o nível de ruído tem a capacidade de influenciar diretamente na concentração e humor de quem está no ambiente.

Por exemplo, em um escritório, o ideal é prezar pelo silêncio, enquanto lugares como academias ou restaurantes podem ter uma música para deixar as pessoas mais animadas e ativas.

Neuroarquitetura aplicada no layout

De acordo com a neuroarquitetura, muitos hábitos são construídos em função dos espaços em que estamos de forma inconsciente. Por isso, os ambientes podem ser redecorados para ampliar as possibilidades de percepção e criar novas emoções, pensamentos e atitudes.

O uso das cores

A neurociência já provou que as cores causam um grande impacto no cérebro humano. Elas são responsáveis por transformar a atmosfera de um ambiente, e assim intensificar as emoções das pessoas.

Em outras palavras, é possível se sentir bem ou mal em um ambiente de acordo com a cor das paredes e dos móveis. Enquanto os tons claros favorecem a concentração e dão a sensação de amplitude dos espaços, os tons vibrantes estimulam a criatividade. A cor escura geralmente remete a um ambiente mais sério.

Quando pensamos em um ambiente corporativo, a psicologia das cores pode ajudar no desempenho dos funcionários. Por isso, não é preciso ter um escritório de apenas uma cor.

A neuroarquitetura usa cores específicas para cada ambiente, de acordo com a emoção e a sensação que o lugar precisa despertar no funcionário. Conheça um pouco mais sobre a influência das cores segundo a neuroarquitetura:

  • Um ambiente branco: traz paz e remete a sabedoria. Entretanto, não é uma cor que pode ser usada em excesso, por gerar uma sensação de vazio e medo, já que é um tom muito usado em hospitais e consultórios médicos;
  • Os tons amarelos: encaminham as pessoas para uma sensação de alegria e criatividade. Contudo, em excesso, pode aumentar a ansiedade;
  • A cor azul: remete a calma, harmonia e estabilidade;
  • O vermelho: associado ao batimento cardíaco, leva a uma sensação de agilidade e pulsação. Porém, se for usado demasiadamente, pode gerar impaciência e irritação.
  • O verde: traz relaxamento e bem-estar.
  • Cores neutras: quando usadas nas paredes e no teto melhoram a concentração e o aprendizado.

Aumento dos espaços verdes para promover o bem-estar

Como falamos, os tons verdes aumentam a sensação de bem-estar das pessoas, e isso pode ser trabalhado dentro do ambiente corporativo com plantas. Além desse benefício, ainda é uma forma de aumentar a aproximação com a natureza. Por isso, o uso de plantas é um dos pilares da neuroarquitetura. 

Da mesma forma que o uso da vegetação pode ser feito em escritórios, também é possível usar esse princípio da neuroarquitetura em casa, com vasos, floreiras e cachepots.

A neuroarquitetura e os cinco sentidos

Não podemos negar que um cheiro, uma música ou um objeto pode nos trazer lembranças. E existe uma explicação científica para isso. Essa lembrança acontece porque o ambiente é associado à memória afetiva e os 5 sentidos são os responsáveis por fixar no cérebro as sensações.

A neuroarquitetura está intimamente ligada aos nossos sentidos, e vamos entender um pouco a influência da disciplina em cada um deles.

Visão

Aproximadamente 30% do córtex do cérebro humano é dedicado para o processamento da visão, com funções específicas como por exemplo diferenciação de cores, objetos, rostos ou localização.

Somente por estes dados, podemos perceber o quanto esse sentido é influenciado pela neuroarquitetura. O uso da iluminação correta do ambiente, é extremamente benéfico para a saúde. 

Ter um ambiente claro durante o dia ajuda inclusive a regular o relógio biológico, influenciando na qualidade do sono, liberação de hormônios, etc. Portanto, é possível usar a luz para aumentar o foco e a clareza, trazer a sensação de aconchego ou ter ambientes para o relaxamento.

Além disso, como  já falamos, as cores também influenciam muito a atmosfera do ambiente, e podem ser usadas de forma estratégica na neuroarquitetura.

Audição

É o sentido de maior alcance dos humanos. Assim sendo, os estímulos sonoros estão intimamente ligados ao bem estar dos indivíduos, e a poluição sonora pode trazer sérios problemas de saúde.

Já falamos da aplicação da acústica correta aos ambientes, então é possível entender a importância de projetar a ambientação sonora na aplicação da neuroarquitetura.

Tato

A pele é nosso maior órgão sensorial. O contato é essencial para o estabelecimento de vínculos, além de serem benéficos para a saúde. Desta forma, um sentido tão importante para o cérebro não poderia ficar fora da neuroarquitetura.

É preciso pensar na ambientação considerando os materiais, texturas e também a temperatura de cada um destes elementos. Por exemplo, os tapetes podem ser macios para transmitir uma sensação de relaxamento ou é preciso ter um piso frio onde é possível ter uma agradável experiência ao andar descalço?

Olfato

Este sentido está ligado a regiões importantes do cérebro como o hipocampo (onde são processadas as memórias), a amígdala (responsável pelas emoções), e o hipotálamo (faz o controle da fome).

Sendo assim, o olfato é um sentido de suma importância para a neuroarquitetura, pois ativa memórias e sensações (inclusive as negativas). Conforme as boas práticas da arquitetura, é preciso separar os odores desagradáveis das pessoas, e também usar o fluxo do vento para evitar estes cheiros ruins.

Porém, a neuroarquitetura vai além de apenas evitar associações negativas em relação aos odores. Ela busca criar reações positivas do olfato, através de velas perfumadas, aromatizantes, plantas e flores com cheiros agradáveis.

A neuroarquitetura nas residências

Apesar da neuroarquitetura ser aplicada com mais frequência em projetos maiores, isso não significa que ela não possa atuar em espaços residenciais. Em muitas casas temos espaços para estudo, brincadeiras de criança e locais para relaxamento.

Por exemplo, ambientes com uma boa iluminação natural, com uso de tons pastéis, trazem uma atmosfera de tranquilidade. Usar lâmpadas quentes nas salas traz um clima de aconchego para o ambiente.

Para as crianças, ter um banheiro lúdico, com dimensões adequadas à escala dos pequenos, traz uma atmosfera de segurança. Cuidar da decoração do quarto do bebê, sempre com foco no bem-estar, vai trazer tranquilidade para toda família.

O contato com uma horta ou outras plantas, estimula o relaxamento e diminui a ansiedade.

Conclusão

Estudos afirmam que moradores de áreas urbanas passam cerca de 90% do tempo em ambientes internos como suas casas ou escritórios. Por isso é tão importante cuidar do conforto e de como as pessoas se sentem nestes ambientes, e estes são os objetivos principais da neuroarquitetura.

Dentro ou fora de casa, a palavra de ordem deve ser o bem-estar. Afinal, não há nada mais desagradável do que passar horas e horas em um local inadequado às suas necessidades. Muito além dos móveis, o conforto também deve ser pensado em todos os cinco sentidos.